LOGÍSTICA PARA PEQUENAS EMPRESAS: QUAIS SÃO OS DESAFIOS ENFRENTADOS?
17/05/2017 - Por : Fábio Hoinaski - LogísticaQuem trabalha com todo o processo de distribuição e suprimentos sabe que há muitos desafios nesse setor.
A logística para pequenas empresas é um problema maior, porque o transporte, armazenamento e distribuição são ineficientes e possuem custos elevados.
O resultado é a perda de competitividade dos negócios menores no mercado interno e externo.
Essa situação fica visível ao compararmos os investimentos dos governos brasileiros e de outros países.
O Brasil aplica menos de 0,5% de seu Produto Interno Bruto para a logística. Já a Rússia repassa 7%; a Índia, 8%; e a China, 10,6%.
O que fazer? Não há muitas ações possíveis para as pequenas empresas.
Porém, conhecer os problemas existentes ajuda a pensar em alternativas.
Confira a seguir os 7 problemas principais da logística para pequenos empreendimentos.
1. Transporte e distribuição
A ineficiência do transporte encarece os processos logísticos no Brasil.
As estradas deterioradas dificultam ainda mais a operação.
Segundo um levantamento do Fórum Econômico Mundial, a qualidade rodoviária brasileira tem média de 2,8, abaixo do índice mundial, que chega a 3,9.
Os outros modais também têm problemas.
A pesquisa indicou que o Brasil teve nota de 1,8, frente à média mundial de 3,1.
O resultado dos portos foi de 2,6, enquanto o mundo ficou com média de 4,9. Por fim, a malha aeroportuária teve nota de 4,1 e média mundial de 4,9.
Uma solução para resolver esse problema é manter centros de distribuição, que diminuem os custos com transporte.
Analise o processo logístico de forma sistêmica e ampla para verificar o verdadeiro custo–benefício.
Outra ideia é trabalhar com multimodais, mas essa operação pode ser custosa para uma pequena empresa.
Ainda é possível terceirizar o serviço para que o empreendedor possa se concentrar em sua atividade–fim.
2. Fornecedores
Os fornecedores são um problema logístico das pequenas empresas, porque a base é menor. Isso significa que, em caso de imprevisto, é mais difícil encontrar um plano alternativo.
Para evitar esse tipo de problema é preciso avaliar alguns pontos relevantes. São eles:
2.1. Pesquise os fornecedores
Os fornecedores disponíveis devem ser analisados para chegar àquele que tem o melhor custo–benefício.
Ou seja, que tem a maior qualidade com o menor preço possível.
Esse levantamento ainda ajuda a diminuir riscos (como problemas burocráticos, má qualidade dos produtos, fraudes etc.) e potencializar as vantagens.
2.2. Analise a qualidade dos produtos
O fornecedor só deve ser contratado se atender aos requisitos de qualidade.
Lembre-se de que os problemas relativos ao produto final deixarão o consumidor insatisfeito e isso causará prejuízos à imagem da sua marca.
2.3. Confira a confiabilidade do fornecedor
Um bom fornecedor deve ser confiável.
É preciso analisar a qualidade e a origem das mercadorias e também a reputação do profissional.
Converse com outros consumidores, verifique se os prazos são atendidos ou se há algum detalhe que mereça atenção.
Afinal de contas, o fornecedor precisa estar disponível para atender à demanda.
2.4. Avalie o contrato
O contrato deve ser bem analisado antes de ser assinado.
Recomenda-se falar com um advogado para identificar lacunas que podem causar danos para a empresa.
2.5. Faça uma lista de fornecedores
As empresas pequenas devem trabalhar com fornecedores específicos, mas é necessário ter alternativas.
É preciso criar uma lista com os potenciais fornecedores e suas descrições, como preços, produtos fornecidos, se já houve algum problema, disponibilidade etc.
Assim é possível acionar o fornecedor sempre que for necessário.
3. Burocracia
Os pequenos negócios sofrem com a burocracia por não terem um suporte jurídico tão eficaz.
No caso da logística, o problema é a regulamentação da atividade, já que há muitos agentes, leis e decretos publicados.
A carga também pode ficar muito tempo parada em portos, aduanas etc. A média de tempo para a liberação da carga é de 175 horas, de acordo com o G1.
Já as encomendas expressas, com peso máximo de 70 kg, são as mais adotadas pelas pequenas empresas para exportação, mas possuem restrições de acordo com a legislação.
Por exemplo: é preciso adotar o formulário de declaração simplificada e a carga deve ter valor máximo de 50 mil dólares.
4. Investimento em tecnologia
O investimento em tecnologia tende a oferecer resultados melhores, tanto em questão da gestão da cadeia quanto na questão da segurança.
Por exemplo: podem ser contratos serviços de rastreamento e escoltas para diminuir a possibilidade de ocorrerem roubos.
É claro que esse tipo de trabalho representa um custo significativo.
Por isso, deve-se avaliar a necessidade e a viabilidade dessa contratação.
Um serviço que vale a pena, porém, é a gestão da logística feita por meio de um sistema adequado.
O software evita a ocorrência de erros e melhora a implementação, planejamento e controle do armazenamento de mercadorias.
Com isso é possível traçar estratégias mais acertadas e tomar decisões coerentes com a realidade.
5. Estoque
O estoque pode ser um problema para as pequenas empresas quando representar alto custo. Produtos sem giro causam prejuízo e podem ficar obsoletos.
Recomenda-se, então, controlar o estoque de maneira eficiente.
O ideal é ter um equilíbrio entre o atendimento às demandas dos clientes e as mercadorias sem giro.
O ideal é trabalhar com o estoque mínimo.
Para saber quanto é preciso manter armazenado é preciso calcular o histórico de vendas e verificar períodos de sazonalidade. Ainda existem algumas práticas recomendadas, como:
- Registre todas as entradas e saídas do estoque para manter os dados atualizados;
- Use um software com a funcionalidade de controle de estoque para deixar todas as movimentações registradas;
- Adote a técnica do inventário rotativo, ou seja, contabilize algum produto aleatório para checar inconsistências entre o estoque e o registro.
6. Capacitação de colaboradores
A falta de mão de obra qualificada é um desafio logístico para as pequenas empresas, o que faz com que outro profissional exerça várias funções ao mesmo tempo.
Para resolver esse problema é preciso investir na capacitação dos colaboradores.
Os profissionais que trabalham no setor logístico precisam ter conhecimentos em economia, infraestrutura, transporte, armazenagem e distribuição.
Ou seja, conhecer o processo completo.
Quando não é possível ter uma pessoa dedicada a essa área, o próprio empreendedor pode passar por uma capacitação para tomar decisões mais críticas e visualizar de maneira mais ampla o contexto em que a empresa se insere.
7. Planejamento
A logística precisa ser pensada a partir de um planejamento, que deve considerar um espectro amplo.
Isso significa abranger diversos elementos, como questões geográficas, disponibilidade de infraestrutura, nível de capilaridade e investimentos no setor de tecnologia.
O financeiro também precisa ser analisado para que a empresa não sofra reveses.
É por isso que se deve ter controle do estoque, capital de giro, fluxo de caixa, encargos, programação de contas a pagar e a receber, previsão de compra de insumos, entre outros.
O planejamento logístico facilita a gestão, reduz os estoques e os recursos humanos.
Ainda é possível ter maior integração, controle e coordenação das atividades para evitar a perda de clientes e de vendas.
Como você pode perceber, os desafios da logística para pequenas empresas são grandes, mas podem ser superados.
Para se aprofundar mais no assunto leia o post Supply chain management e logística.